Mãe no mundo – Capítulo Alemanha

Tive meu filho na Alemanha, um país que preserva muito as tradições e é um grande defensor da Natureza e da qualidade de vida. Fica fácil entender que lá, a presença da parteira  e o parto normal são coisas bastante comuns. Somos acompanhadas por ginecologista durante todo o  pré-natal e fazemos quase todos os exames no próprio consultório, onde existe sempre um pequeno laboratório para análise de  exames de rotina. A atendente do consultório é uma técnica em enfermagem, que em tudo auxilia o médico. O próprio ginecologista faz o exame de ultrassom, que não é feito todos os meses. A clínica da paciente, o exame de toque, são soberanos no diagnóstico.

Se você tem mais de 30 anos e o pai também, ou se ao somar a idade de ambos o resultado for maior que 60, eles recomendam fazer a aminiocentese. Caso se confirme após esse exame a presença de uma anomalia complicada, a mãe tem o direito de se submeter a um aborto até o 4° mês.

Lá você tem a oferta de vários cursos de preparo para a maternidade, desde cursos de informação, ginástica, yoga, preparação para o parto, curso para os pais…  A “prescrição médica” é a mais natural possível, somos incentivadas a tomar banho de infusão de camomila (na propria maternidade) que ajuda na cicatrizacão para quem precisou fazer o corte do períneo para passagem durante o parto. Eu tive problemas de edema no último trimestre e o médico receitou chá de urtiga! Funcionou muito bem. Duas xícaras por dia e o edema diminuiu substancialmente e o melhor, sem qualquer contra-indicação para o bebê.

Você tem uma lista de hospitais (uma revista) onde pode escolher ter o seu bebê, com várias datas disponíveis de palestras para os futuros pais, explicando todos os métodos e tudo que o hospital dispõe.

Alguns locais são só maternidades, mas caso o bebê nasça com problemas e precise ser transferido, o mesmo acontece com a mãe. Por isso optei por um hospital com UTI e com UTI neonatal: resolvi facilitar as coisas em caso de complicações.

Você visita o hospital, agenda a data provável do parto e escolhe que tipo de parto vai querer, de cócoras, dentro dágua ou até pode ter o filho em casa se quiser.

Quem faz o parto é sempre uma parteira. Porém, há sempre um médico de plantão caso seja necessária alguma intervenção. Se nos exames do pré-natal algum possível problema for diagnosticado, também este parto será assistido por um obstetra. A cesárea só é feita sob recomendação médica.

Após o parto o bebê fica sempre com a mãe. Há total estímulo ao aleitamento materno desde o momento zero.

Após a volta para casa a mãe tem o direto de receber visitas da Hebamme (parteira) que também cuida das mães nesta fase inicial, especialmente nas orientações no primeiro mês do bebê. Coisas simples como banho, amamentação, cicatriz umbilical, exercícios para o desenvolvimento do bebê, exercícios para a recuperaçāo da māe (assoalho pélvico) e produtos diversos, o que foi fantástico! Ela sempre propôs formulações homeopáticas e fitoterápicas em casos onde os problemas não eram tão urgentes para se ir ao pediatra.

Deixei a Alemanha quando meu filho ainda não tinha quatro meses e fui para Suíça. Na Suíça minha experiência é de primeira infância (Jardim de Infância – duração de 2 anos e obrigatório. Se houver falta sem justificativa paga-se multa num valor altíssimo e diário) e muito boa por ser um país que tem como principal foco a criança e a família.

Há muitos eventos e um sistema de palestras de especialização em “Paternidade” que ajuda os pais na educação e no desenvolvimento das crianças, por toda vida escolar deles.  Tive interesse logo de início em procurar um espaço para ele socializar com outras crianças e também aprender o idioma local, o que não foi nada fácil. Só quando ele completou 3 anos é que consegui uma vaga na creche. A oferta deste tipo de serviço é rara, cara e muito concorrida, com fila de espera de anos, o que complica bastante a vida da mulher que deseja e precisa trabalhar.

Percebo que o país estimula que as mães cuidem integralmente de seus filhos até pelo menos os três anos de idade; está mudando um pouco e de forma bem devagar. Minha ideia era de colocá-lo no mínimo por uns dois a três dias (integral ou parcial) por semana, o que ajuda bastante no convívio, no desenvolvimento e no aprendizado da língua. Recomendo para todas as mães que coloquem seu filho o mais cedo possível em contato com outras crianças “nativas”. Não é tarefa muito fácil estreitar relações com outras mães locais, por isso se empenhem em aprender o idioma, aprendam a cultura, integrem-se e crie também seu grupo com aquelas de mesma nacionalidade, acredite, funciona como um grupo de apoio e troca de experiências.

Apesar de ter sempre me adaptado e me integrado rápido, foi difícil no início do processo “ser mãe” sozinha. Meu marido foi bastante ausente no princípio, por conta de viagens de trabalho e estar distante da família e dos amigos na época mais crítica, em processo de mudanças, vivendo culturas e idiomas muito diferentes da minha, toda essa experiência valeu muito. Foi impagável poder viver nestes dois países cuja sociedade está voltada para o bem estar da família e da criança, e ficar em casa com meu filho, curtindo ele todos os dias e desempenhando 100% o meu papel de mãe, algo que com certeza , por força de circunstâncias pessoais, não conseguiria realizar naquele momento se fosse no Brasil.

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1 Comment

  1. ALESSANDRA
    3 de Fevereiro de 2014 at 20:31 — Responder

    SUZANA TD BEM?
    DEVIDO AO EMPREGO DO MEU MARIDO , ESTOU DE MUDANÇA PARA ALEMANHA, DEVO MORAR AI POR 2 ANOS, E NESSE PERIODO PRETENDO TEM UM FILHO. É MUITO DIFICIL O ACOMPANHAMNETO MEDICO NA ALEMANHA? EXISTEM OPÇÕES DE PARTO SEM DOR? COMO FUNCIONA O PRÉ-NATAL? ULTRASSOM ? OBRIGADA

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