Hiperemese gravídica não é apenas um enjoo severo

A hiperemese gravídica pode ser uma condição perigosa e muito sacrificante para uma grávida. Você sabia?

Muita gente nunca tinha ouvido falar em hiperemese gravídica até a primeira gestação de Kate Middleton. É sempre importante que pessoas de grande destaque se declarem portadores de condições graves, para tornar os assuntos conhecidos. Mas no caso de Kate, e de muitas mulheres que sofrem de hiperemese gravídica, algo se “perdeu na tradução”.

Frequentemente, quando se fala de hiperemese gravídica, ela é tratada como um enjoo severo” durante a gestação. O problema é que a condição é muito mais grave do que isso. Até porque o que é “severo” para uma pessoa, pode ser suave para a outra, certo?

E entendê-la apenas como um enjoo severo pode gerar tratamentos incorretos, pouca empatia, falta de compreensão, e – sempre ela – muita culpa nas grávidas com hiperemese.

hiperemese gravidica

mas o que realmente é a hiperemese gravídica?

Até mesmo na literatura médica disponível para leigos, a hiperemese gravídica é pouco discutida. Por ser uma condição rara (atinge apenas 2% das grávidas), alguns médicos preferem fazer o diagnóstico apenas quando há desidratação grave ou grande perda de peso.

Sim, a hiperemese é capaz de causar enjoo e vômitos em frequência tão grande que a perda de peso e a desidratação grave estão associadas diretamente a ela. E essa condição pode tanto desaparecer por volta da 20a semana, quanto pode durar até o puerpério.

então, não, não é apenas um enjoo severo

Por isso, enquanto a grande mídia trata a duquesa como uma coitadinha com muito enjoo, o site Scary Mommy resolveu ouvir outras grávidas que sofreram com hiperemese gravídica. Através dos depoimentos e da experiência real de mulheres que tiveram filhos, podemos perceber que a vida com hiperemese se torna praticamente impossível.

“Eu tive 3 vezes e cada vez foi sucessivamente pior. No 3o bebê, eu comecei a vomitar 2 semanas depois da concepção e sofri com a Hiperemese Gravídica no seu máximo entre as 4a e 6a semanas (…) [a medicação] não evitou que eu vomitasse múltiplas vezes por dia, até não ter nada no meu estômago, até vomitar sangue de irritação do meu esôfago. Eu vomitava tanto que fazia xixi em mim mesma.

Eu fiquei na cama durante todo o mês de março e abril, até maio. Mas a minha condição era até boa. Fui hospitalizada apenas uma vez. Não perdi muito peso. Toda a minha medicação começou a funcionar depois de 20 semanas. E isso significava que eu ainda vomitava, mas conseguia comer e me mover pelo mundo.” – da autora do site Scary Mommy

Uma coisa fica muito clara. Se a hiperemese gravídica for encarada como a questão grave que é, é mais fácil que mulheres nessa condição consigam apoio e tratamento adequados. No caso acima, o conhecimento médico da condição foi essencial para que a gestante se mantivesse saudável, na medida do possível. Mas nem sempre é assim.

hiperemese gravidica
Photo by David Cohen on Unsplash

o enjoo da hiperemese gravídica pode se tornar um gatilho

Outro caso exposto no site Scary Mommy conta a história de Alison que conseguiu trabalhar mesmo com hiperemese, porém, nos últimos dois meses precisou pedir demissão. Ela estava tão grogue de remédio que mal conseguia manter os olhos abertos. O seu maior problema, porém, não foi esse. Por causa do seu histórico com bulimia, vomitar era emocionalmente doloroso para ela. Tanto que ela diz que não teria outro filho porque não poderia passar por esse processo novamente.

Assim como Alison, Laura também acabou vendo na hiperemese gravídica um gatilho de sofrimento.

“Com 7 semanas, Laura vomitava o dia inteiro, vivendo no banheiro e já tinha ido na emergência para repor fluidos. Sua médica se recusou a dar uma receita de remédio para enjoo. Ela sugeriu que Laura cheirasse tangerinas. Laura mudou de médicos (…) porque era isso ou perder o bebê.

Nesse momento, ela já não comia e vomitava bile ou sangue do esôfago corroído. Ela mal conseguia sair da cama. (…) A náusea durou até um mês depois do parto. ‘Adoraria um segundo filho. Mas a ideia de ter que passar por tudo isso de novo é o que me impede”. – depoimento no Scary Mommy

Sim, a hiperemese gravídica pode causar, gatilhos para a vida toda. Em casos ainda piores, ela pode causar síndrome do estresse pós traumático.

Então, há de se tomar muito cuidado em repetir a informação de que a hiperemese gravídica é apenas um enjoo severo. Dizer isso é diminuir uma condição grave, rara e com perigos reais para a mãe e o bebê.

 

imagem de destaque Daan Stevens on Unsplash

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