Furar ou não furar a orelha das bebês?

Eu ainda não furei a orelha da Victoria, que hoje tem três anos (pausa para o choque da leitora). Pois é, não furei. Não tenho nenhuma opinião radical sobre o assunto, mas eu fui adiando.

Minha mãe também não furou as nossas orelhas – nem as minhas e nem as da minha irmã. Ela teve pena e achava que era a gente que deveria escolher se queria ou não usar brinco. Desconfio que fosse também adicionar trabalho a uma vida que já era dura – sem fralda descartável, máquina de lavar roupa, sem ajuda externa e ainda ter que cuidar, limpar, esterilizar, procurar brinco, etc.

Quando Victoria nasceu, minha mãe falava: “espera sentar, vai ficar com aquele incômodo, tadinha, quando começar a rolar e a ficar de ladinho”. E eu, que tinha outras coisas na cabeça, concordei. Aí, mais tarde, ela já estava tomando tanta vacina, que eu decidi adiar mais uma picada. E por fim, quando as vacinas cessaram um pouco, ela passou a ter uma mania de ficar alisando a própria orelha para se acalmar até dormir, e eu achei que não seria uma boa ideia ela ficar o tempo todo mexendo na orelha com brinco. Viu? Nada radical. Só mais um caso de procrastinação materna.

Hoje a maior parte das amigas dela usam brincos. Mas ela ainda não se tocou muito dessa “falha” de criação (risos). Quando a gente pergunta se ela gostaria de furar as orelhas, ela manifesta uma vontade curiosa de usar brincos. Mas ela também quer usar aparelho, como as primas mais velhas. E óculos, como o papai. E quer ter dodóis pelo corpo para poder usar band-aid da Hello Kitty. Quer dizer: não dá pra levar a sério.

E, alguns meses atrás, eu li sobre a polêmica da foto da Gisele Bündchen que tirou foto da filhotinha dela com um par de brincos sapecado nas orelhinhas. No Instagram os americanos só faltaram chamar a modelo de selvagem. Os brasileiros saíram em defesa de Gisele e explicaram que no Brasil é comum. Um caso claro de choque cultural. E eis que eu li mais sobre o assunto. Olha o resultado:

Quais as regras para furar orelhas em alguns lugares do mundo?

No Brasil – Hospitais e maternidades possuem regras próprias sobre o assunto. Clínicas de vacinação particulares têm enfermeiras que furam as orelhas desde os primeiros dias do bebê. As farmácias também voltaram a oferecer o serviço em 2012 (estavam proibidas desde 2003). Vale dizer que é proibido usar agulhas e outros objetos perfurantes. De acordo com a regulamentação da ANVISA, somente com um aparelho específico (que a gente conhece como pistola).

Em Portugal – As opiniões são divididas, algumas mães fazem e outras não. As maternidades não furam. As farmácias furam a partir dos seis meses e as joalherias também.

Na Alemanha – Nem pense em procurar um lugar. Ninguém fura orelha de bebês e acham um absurdo sequer mencionar o assunto.

Nos Estados Unidos – Os americanos não consideram apropriado furar antes dos cinco ou seis anos. É mais comum furar na adolescência e funciona quase como um rito de passagem. Os consultórios dos pediatras e clinicas de saúde são os lugares recomendados. Já as comunidades latinas nos Estados Unidos possuem a mesma cultura que a nossa. E são criticados por essa posição.

E você? Existe alguma posição mais firme na sua decisão de furar ou não as orelhas da sua menininha? Deixa seu comentário aí embaixo. Ou vem refletir com a gente no nosso grupo.

 

ATUALIZAÇÃO DO POST – 26/6/2017

Esse post está sempre entre os mais lidos e comentados, talvez por que seja uma questão controversa e que divide as mães em dois polos. Depois de quase mais de três anos desse post ter sido publicado, a Victoria furou as orelhas. Digo a Victoria, por que ela decidiu sozinha, falou com minhas sobrinhas adolescentes, que estavam afim de fazer o segundo furo, todas falaram com o meu pai, que levou as três de caravana pra clínica pra furar as orelhas. E eu fui? Não, não fui, por que eu estava trabalhando, em uma reunião e ninguém nem lembrou de me avisar que a farra seria naquele dia. Meu pai simplesmente pegou as minhas sobrinhas, tirou a Victoria mais cedo da creche e foram os 4 furar orelhas e tomar picolé. Quando saio da reunião, estão as três de orelhas furadas, boca suja de picolé, todo mundo feliz. Tentei ficar braba, mas no fundo eu já tinha autorizado e acho legal que elas tenham essas memórias com o avô.

Bom, mas esse nem é o problema. O problema é que, menos de um ano depois das orelhinhas furadas, Miss Vicky teve uma infecção. No início foram só flores. A cicatrização foi rápida, ela não perdeu brincos, ela mesma girava, fazia limpeza, toda independente. E eu revisando, vigiando, trocando brincos de vez em quando, etc. Mas mesmo com todos os cuidados, um dia, do nada, obviamente quando eu estava viajando, a orelha esquerda inflama e ela não contou pra ninguém. E como era por trás, demorou dias até alguém perceber e quando percebeu o brinco tava preso numa bola de pus, não saía de jeito nenhum, a orelha pingando sangue e pus. Corre pro hospital e a infecção horrível precisou ser drenada. Uma mini cirurgia. O resultado é que ela não quer mais saber de brincos, passados dois meses dessa saga os furos fecharam e ela tomou a decisão de que quando ela for grande e puder fazer uma tatuagem, que ela pede pro moço furar com agulha igual piercing.

Tudo bem. Mais um drama superado.

 

 

 

Foto: Andre Chinn

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18 Comentários

  1. 14 de outubro de 2013 at 8:01 — Responder

    Vivo na Noruega. Por aqui também nem pensar em furar a orelha. No começo eu achei estranho mas depois entendi e aceitei as “regras”. Não furei a orelha da minha bebê. Aqui espera-se a vontade da criança. Acho uma boa.

  2. Vanessa
    14 de outubro de 2013 at 14:19 — Responder

    Minha bebê vai fazer dois meses e acho que vou esperar ela crescer e decidir se quer ou não.

  3. Julia R.
    14 de outubro de 2013 at 14:56 — Responder

    Eu furei da minha bebe ela tinha apenas 1 semana foi ótimo ela não chorou nem sentiu nada, o furo não inflamou, ocorreu tido certo graças a deus!! Eu fiquei com do não consegui olhar mais eles não sentem a orelhinha ainda e muito macia e mole!!! Foi tranquilooo!! Acho que qnto mais velha fica a criança mais dói para furar !!!

  4. Katerine
    14 de outubro de 2013 at 14:58 — Responder

    Eu nem pensei em não furar… Minha bebê saiu da maternidade com brincos! Aqui em Indaial-SC depois da alta medica a enfermeira fura se os pais quiserem só tem que ser um brinco de ouro e com ponta (eles furam com o próprio brinco). O pai que acompanhou, disse que ela só deu uma resmungadinha.

  5. 14 de outubro de 2013 at 15:17 — Responder

    Eu furei antes de completar o primeiro mês.
    Acredito que é algo cultural e tem a ver tanto com o país onde se vive quanto com a educação que teve.
    Eu e minha irmã tivemos nossas orelhas furadas ainda na maternidade, por isso, por aqui, a situação é bem normal.
    Se ela não quiser brinco, não colocará e, com o tempo, a orelha fechará.
    Acho que cada mãe deve fazer aquilo que acha melhor, sem qualquer julgamento ou radicalismo.
    Se acha que deve esperar, que assim seja! =)
    Beijos

  6. Marisol Vaena
    14 de outubro de 2013 at 16:36 — Responder

    Nós moramos em Estocolmo, Suécia e aqui criança de orelha furada não é muito comum, pelo menos nos bairros com menos estrangeiros. Na creche da Maya nenhuma menina usa brinco. Meu marido acha vulgar furar a orelha de crianças pequenas. Mas Maya já está com 3 anos e vou tentar pela segunda vez convence-lo de furar as orelhas quando formos ao Brasil. Vamos ver…

  7. Vivian
    14 de outubro de 2013 at 17:29 — Responder

    Eu fui furar minha orelha com 11 anos, por vontade própria. Não furei a da minha filha, pois acho que brinco é um acessório que não combina com bebês. Vou esperar ela pedir para furar. 🙂

  8. Simone
    14 de outubro de 2013 at 19:27 — Responder

    Eu fiz um segundo furo na minha orelha na adolescência, numa farmácia, doeu…doeu muito. Então quando minhas filhas nasceram resolvi furar logo na maternidade. enquanto bebês elas arrancavam o brinco e quando eu encontrava geralmente estava na boca de uma delas, então…tiramos os brincos. Hoje elas estão com 8 e 11 anos, não usam brincos e nem ligam (rs).

  9. Fátima
    15 de outubro de 2013 at 17:20 — Responder

    Quando nasci há 53 anos, meu pai não permitiu que furassem minhas orelhas, agradeci muito, a decisão deveria ser minha, furei aos 20 e fiz dois furos em cada orelha. Tomei a mesma decisão com minha filha, que com 3 anos quis furá-las e assim foi feito numa farmácia e foi um escândalo de chororô. A decisão tem que ser da pessoa. Quer enfeitar a bebê? Use lacinhos e vestidinhos.
    Hoje quase não usamos brincos, dá trabalho, tem que trocar, limpar muito bem pra não dar cheirinho. Se os meninos tomam suas decisões, por que não as meninas?

  10. Elaine Rocha
    16 de outubro de 2013 at 8:53 — Responder

    Eu queria furar a orelha da minha filha ainda bebê e fui orientada pelo pediatra para furar após os 3 meses de idade. Segundo ele a cartilagem da orelha já está desenvolvida e ela não correria o risco de ficar com os furos tortos. Onde levamos para furar? Tattoo Brasil Tatuagens Artísticas – SP. Local adequado, limpo e com UMA ótima profissional. Foi super tranquilo para furar e depois passei o mesmo álcool que usei no umbigo para limpar!

  11. 16 de outubro de 2013 at 10:17 — Responder

    Neste caso, acho particular de cada casal, independente de onde nasceu, vive etc. Minha esposa e eu decidimos pôr um par, delicadíssimos, é uma escolha nossa. Como li num comentário acima, para muitas pessoas é cultural, mesmo, é parte da história de famílias, lugares etc. Se formos preocupar-nos por se o filho põe ou não um “enfeitinho”, deveríamos pensar se o filho quer vir a esse mundo, suas roupas, seu quarto…

  12. 16 de outubro de 2013 at 10:26 — Responder

    (desculpe, apertei o enter sem querer)

    Os pais sempre primarão pelo melhor pelos filhos, mas há detalhes mínimos como esse, que floreiam o universo dos filhos que sempre geram boas e saudáveis discussões. Mas acredito que pôr ou não o brinco, cabe aos pais.

    Paz e luz para todas (os)

  13. Tahis
    10 de dezembro de 2013 at 23:21 — Responder

    Bem eu tenho furos tortos e não posso usar pois fica inflamado, e não uso brincos a mais de 15 anos, mas os furos não fecharam.
    Por recomendação do pediatra da minha filha ele achava melhor esperar até os 6 meses para ter todas as vacinas, pensei e decidi não colocar, hoje as minhas duas filhas de 17 e 9 anos não tem furos. Elas podem decidir ter ou não.

    • Camila
      11 de dezembro de 2013 at 11:52 — Responder

      Tahis, sem nenhum pensamento mais concreto sobre a minha não decisão, estou caminhando pela mesma trilha. Quem sabe quando ela começar a questionar? Beijo

  14. Cibele
    28 de outubro de 2014 at 10:01 — Responder

    Não furei e nem vou, o corpo é dela e ela decide o que vai querer fazer 😉

  15. 24 de Março de 2015 at 12:39 — Responder

    Meus pais optaram por me deixar escolher se queria ou não furar.. Pois bem, com 4 anos lá fui eu querer meu par de brinquinhos na orelha. Começou uma saga, pois naquela época (início dos anos 80) se flurava de qualquer jeito e minha orelha inflamava. Foram pelo menos 3 anos e 4 tentativas frustradas de ter meus brinquinhos. Eu teria adorado que tivessem furado logo na maternidade e me poupado desse sofrimento. Por sorte esse tipo de furo arcaico nem é mais permitido..
    Eu não acho errado não furar, mas por ser algo tão enraizado na nossa cultura, acredito que dificilmente a filha, quando crescer, vai achar ruim a escolha dos pais de furarem.

    • Camila
      25 de Março de 2015 at 12:18 — Responder

      Oi Melissa, eu não levanto nenhuma bandeira sobre furar ou não furar. Acabei não furando por motivos XYZ e hoje aos 4 anos e 7 meses ela nem se interessou pelo assunto. Estamos indo bem assim. Quando for o momento e ela quiser furar, levarei. E se ela achar ruim direi isso a ela. Beijoca

  16. luisa
    10 de outubro de 2016 at 15:41 — Responder

    Minha mãe não quis furar, tenho 22 anos e nunca tive a menor vontade de usar brincos.
    Acho uma violência desnecessária furar a orelha de um bebê!

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