Essa semana compartilhei no Facebook um post da Mariana Inbar para o blog da Julia Petit sobre as marcas de moda cariocas que perderam a mão na modelagem. Minha provocação gerou revolta na timeline e uma verdadeira sessão desabafo. No post (leia aqui), a Mariana fala da ditadura que a moda carioca vem impondo há décadas às mulheres que fogem dos padrões impostos pela insensível indústria da moda. Todas nós somos manequim 38, de preferência magrelas, sem peito, perna e bunda e cada dia mais mignon. #sqn
Puxando a brasa pra minha sardinha, eu sou uma mulher gorda e consumo tamanhos XL ou 1X nas marcas americanas, conhecidas por terem modelagem mais abundantes. Hoje, eu tô muito fora da curva e acabo, cruelmente comigo mesma, devo dizer, achando que a culpa é minha e não da indústria nacional, onde não consigo comprar nada.
Mas na minha timeline, em resposta ao meu post, um contingente de mulheres amigas e magras reclamaram do mesmo problema que a gente assume que só as gordinhas e gordonas têm: uma tem peito grande e não consegue comprar sutiã; a outra que é um palito é tamanho G na maioria das grifes, outra não consegue comprar sapatos porque o pé é um número maior do que a indústria oferece. Meninas lindas e com o corpo em dia que não conseguem comprar lingerie, biquínis, sapatos. Que olham no espelho nuas e se sentem P, mas tomam um tapa na cara das marcas que dizem que elas são G.
Com todo mundo desabafando a pergunta era: mas Camila, você tá aí sempre bem vestida, “composta” como dizia a minha avó, sem aquela cara de roupa cujo “defunto era menor”, como dia a minha mãe. E a minha resposta é: eu viajo e compro.
Sem querer bancar a rica viajada, gente. A verdade é que não é um imenso prazer pra mim ou pra minha conta bancária voltar com tamanho excesso de bagagem. Toda viagem é um potencial estresse com a alfândega e horas batendo perna atrás do que me sirva, comprando um de cada cor enquanto eu poderia gastar meu tempo em moeda local, visitando pontos turísticos, passeando a esmo e comprando por impulso, sem o compromisso de escolher da calcinha ao vestido de festa.
Nem vou entrar no mérito da conversão entre dólar ou qualquer outra moeda face o nosso recém desvalorizado real. Nem vou mencionar que comprar lá fora é muito mais barato mesmo com o dólar nas alturas. Isso importa menos quando a gorda não tem a opção de escolher se compra aqui ou se compra lá.
Não que não exista um segmento específico no Brasil. Uma das amigas compartilhou um excelente link de um blog dedicado às moças plus size com endereços para compra online aqui mesmo. Mas eu queria mesmo entrar no shopping e caber nas roupas das marcas conhecidas e não ficar pensando que eu precisava comprar três peças para transformar em uma. Sei lá. Bobagem minha?
E para as muitas amigas que pediram dicas das marcas que eu compro roupas quando viajo para os Estados Unidos, segue minha humilde listinha.
FAST FASHION
Em qualquer lugar do mundo, a marca de fast fashion é parecida. A modelagem é tranquila, embora não abundante. A linha regular vai até XL. O pequeno espaço plus size vai de XL até 3X, que veste mais ou menos um tamanho 22 americano. Recentemente arrematei uma saia lápis de renda que ficou belíssima em mim.
A irmã pobre da Gap é boa por dois motivos: 1) modelagem super grande; 2) tudo baratinho. Os tamanhos variam do 0 ao 20. Acha-se até 16 com tranquilidade em qualquer loja, existe tamanho 18 em algumas peças, mas o 20 só mesmo online ou algo proveniente de trocas. Sou fã há mais de uma década das camisetas de malha em cores lisa de gola V e redonda e das roupas de dormir. Os casaquinhos de malha para nosso inverno de araque também são um must.
A Gap é basicona, o que ajuda um bocado mulheres plus size que querem um guarda roupa coordenado. Nas lojas acha-se tranquilamente tamanhos até o XL ou até o 14-16. Maior do que isso, precisa procurar online. É aqui que eu compro todas as minhas roupas de ginástica e estou sempre arrumada pra malhar. As calças legging são ótimas para disfarçar as gordurinhas fora do lugar. Procure pela linha Active. O XL cabe tranquilamente numa moça tamanho 18 americano.
LINGERIE E PRAIA
Nas lojas acha-se somente até o tamanho 38D, o que já é peitão. Para uma moça 40D como eu, acho todo e qualquer tipo de modelo online. Sou fã dos sutiãs de algodão racerback (modelo nadador) e compro todas as minhas calcinhas de algodão coloridas para o dia a dia, também aqui. O XL cabe perfeitamente num bumbum tamanho 20 americano. Acha-se em qualquer esquina nos Estados Unidos.
Cacique é a marca de lingerie de uma marca popular de roupas plus size chamada Lane Bryant. Confesso que eu acho a marca meio cafonona, mas é aqui que eu acho as cintas mais confortáveis e duráveis. Já a Cacique tem coisas muito legais, na linha da VS.
Para fazer bonito. Tudo de mais sexy. Perfeita para calcinhas, sutiãs, corpetes, camisolas esvoaçantes e todas aquelas peças lindas e desconfortáveis, mas que tudo bem, porque você só usa por cinco minutinhos. Somente online.
Você vai se deparar com maiôs cafonas, aqueles vestidinhos bizarros e umas saídas de praia de chorar. Mas aguenta firme. É aqui que você vai achar maiôs mais comportados, com bumbum grande que cobre tudo e decotes generosos. E ainda vai poder fazer um estilo pinup com modelagem retrô e maiô de poá. Quer colocar um duas peças? Também tem.
TEM DE UM TUDO
O paraíso da curvylicious que precisa andar arrumada. Com lojas em toda a América do Norte, opte por visitar as lojas grandonas, que possuem um andar inteiro de Women’s sizes. Você vai achar marcas como Calvin Klein, Donna Karan e Michael Kors, que não se atrevem a colocar nada maior do que tamanho 14 em araras próprias, mas não tem problema em distribuir tamanhos que vão até o 24 nas lojas de departamentos. Tem ainda marcas como Lauren (do Ralph Lauren) e Jones. Mas fique de olho em duas marcas exclusivas plus size e que eu só acho lá: International Concepts e Alfani. São marcas mais clássicas e caretas, mas recentemente adquiri uma saia plissada de couro linda, blusas bacanas pra trabalhar, jeans boot cut que favorecem quem tem quadril mais largo e um maiô de poá extra comportado. Aí basta misturar com o que houver de mais divertido nas fast fashions e voilá: tudo pronto. Nem vou dizer pra vocês do vestido rendado de festa que eu arrematei aqui, por um preço incrível. Aqui no Macy’s acha-se da calcinha até a roupa pro casamento da prima.
ARRUMADINHO
Marca meio patricinha, com calça de sarja, camiseta pólo, tudo meio elegante e com com cortes impecáveis. O grosso do plus size você só acha online, mas as lojas de outlet também tem uma pequena seleção.
Acima de 18 eu só acho nas lojas de departamento, mas o XL é de modelagem abundante. Vai no outlet que é mais barato. O estilo é clássico, mas já descolei um vestido envelope de jersey com estampa de croco e um vestido anos 20, além de uma jaqueta de nylon super coringa, invejada por todos.
Aqui é só online e pra procurar tem que ter paciência porque a loja é imensa, infinita quase, e você tem vontade de comprar tudo. O estilo aqui é jovem, fun e retrô. Divas que querem parecer com Marilyn Monroe e qualquer pinup piram por aqui. É aqui que arrematei um maiô com estampa de cerejas e alguns vestidos cinturados com saia rodada que me fazem parecer com as atrizes de Mad Men. De verdade, estipula um orçamento, senão você gasta tudo aqui.
Meninas, a lista é imensa, interminável e eu poderia escrever um guia das compras plus size nos Estados Unidos e Europa. Mas deixo aqui essa listinha básica pra você levar na mala, na próxima viagem. Vai de malas vazias.
Imagem destacada: Shutterstock Anna Demjanenko
2 Comentários
Ótimas dicas Camila. Valeu!!
Antonia, espero que você aproveite, nem que seja pra divulgar 🙂 Beijos