Sobre viajar e me conectar com minha filha

Descobri muito recentemente que o dia a dia é cruel pra qualquer relação, inclusive pra relação entre mães e filhos. Sempre fomos grudadas e, em 2013, ficamos ainda mais unidas, nos ajustando a uma nova vida depois da minha separação. Mas no final do ano achei que algo estava meio fora de sintonia. O problema era eu, claro, que estava muito focada no trabalho, na nova vida de solteira, nas minhas resoluções de final de ano e, claro, focada em cuidar dela, para que ela ficasse bem, ajustada e feliz.

Só quando viajamos no final do ano é que percebi o quanto estava com saudades dela. Parecia que eu estava fazendo tudo no automático: acordar, café da manhã, banho, escola, casa, jantar, banho, dormir. Além disso, estava dividindo meu tempo com ela com o ex-marido, minha mãe, minha irmã e a babá folguista. Nesses últimos quinze dias, a gente continuou fazendo quase tudo igual, mas eu ainda tive tempo de sobra pra brincar, rir, mergulhar na piscina do navio, fazer compras, comer bala, tomar sorvete, descobrir que ela adorou comida tailandesa e conversar sobre tudo o que ela queria fazer e estava sentindo. Assim, consegui me conectar com ela. Fiquei feliz pela oportunidade, mas triste por não ter percebido antes que estávamos precisando muito uma da outra de uma maneira mais atenta.

Ainda assim, nem tudo foram flores. No meio de tanta piscina, praia e parques da Disney, notei pequenas atitudes e coisas no comportamento dela que acenderam a luz vermelha e só reforçaram a minha convicção de que ela está precisando de uma mãe mais presente emocionalmente e, principalmente, mais firme.

Minha mãe foi sábia em me alertar nessa viagem, que criar um filho é fácil, mas educar é muito mais difícil. O que ela quis dizer é que eu proporciono para ela tudo o que uma criança precisa: uma casa aconchegante, brinquedos, livros, roupas, uma escola bacana e muito amor, carinho e proteção. Não falta nada: amor, cuidado e bens materiais. E o que estava faltando? Corrigir várias manias e pequenos maus hábitos que estavam tornando a nossa vida meio complicada e me sobrecarregando desnecessariamente. E que o dia a dia, a rotina corrida e dividir ela com tantas pessoas, estava mascarando.

Por isso, no topo da minha lista de resoluções para 2014, está justamente viajar mais com a minha filha. Finais de semana na praia, mais passeios na serra, conhecer alguma praia no Nordeste, visitar o Rio Grande do Sul, quem sabe esquiar em Bariloche nas férias de julho. Porque eu sei que a vida vai ser sempre corrida. A rotina vai tomar conta e me cegar muitas vezes. Foi importantíssimo ter vivido essa experiência e sei que vou ficar mais atenta em manter uma sintonia com ela dentro de casa.

Claro que não precisamos viajar pra prestar atenção de verdade nos nossos filhos. Aliás, o ideal é que a gente consiga fazer isso na calma (ou caos) do nosso próprio lar, até pra gente poder aproveitar nossas viagens sem a preocupação de passar parte do tempo pensando que o filhote tem algum problema. E conseguir achar brechas de tempo pra realmente prestar atenção nos sentimentos da Victoria foi a melhor lição que tirei nessas férias.

É inegável que viajar recarrega as baterias, renova as energias, circula ideias em nossa mente tão sobrecarregada com pequenezas. E, sobretudo, faz com que a gente pare não só pra curtir a companhia um do outro, mas também para prestar atenção nas infinitas necessidades dos nossos filhos e das nossas próprias.

Boa próxima viagem pra todo mundo.

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2 Comentários

  1. 29 de Janeiro de 2014 at 9:26 — Responder

    Olá Camila! Já gostei do post pela foto… lembrei do nosso último passeio na Universal e bateu uma grande saudade.
    Realmente viagens são excelentes para conhecermos melhores nossos filhos e principalmente reconhecermos nossos erros. Na correria da nossa rotina as coisas vão entrando em um ritmo muito difícil de mudar depois.
    Adorei o post! Sempre penso em como ser melhor com minha filha e suas palavras me trouxeram um grande alívio. Mesmo trabalhando com mães, é bom saber de pessoas que não conhecemos que as angústias e preocupações são parecidas e que estamos quase sempre no “mesmo barco”.
    Um grande beijo.
    Michele

    • Camila
      30 de Janeiro de 2014 at 12:59 — Responder

      O dia a dia é muito cruel com qualquer relação. A gente deixa de prestar atenção no que importa em detrimento do “preciso otimizar o meu dia, fazer isso rápido, fazer isso direito”. Essa cobrança em ser eficiente acaba minando um pouco a relação, que carece de um outro ritmo. Mas 2014 veio pra mim com a certeza de que eu preciso aprender a operar no caos. Mesmo vivendo uma vida insana e me cobrando mais horas do que eu deveria, eu preciso achar momentos do meu dia para operar nesse ritmo lento pra dar atenção pro amor. Beijo imenso.

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