Será que não é amor?

 

Sabemos muito sobre o lado romântico de se tornar mãe. Na maioria dos relatos o que fica em destaque é o sentimento de completude e plenitude que o momento oferece para mulher. Muita poesia é envolvida para se descrever o processo de gerar um filho e se tornar mãe, sim porque é no nascimento de uma criança que uma mãe surge. São muitos os adjetivos, metáforas e afetos usados para descrever que este é um momento único e principalmente, que quando a criança nasce um amor imenso nos toma conta, que a vida muda por completo como num passe de mágica. Mas pouco nos falam sobre os momentos em que nos falta paciência e que bate o cansaço. Não somente o cansaço físico, mas também o psíquico e todos os questionamentos sobre a criança e sobre nós enquanto mães, sobre os momentos que a cabeça não descansa e que questionamos até o nosso amor e capacidade.

Na verdade quando se trata de amor, temos que pensar de uma forma mais ampla. Um bom ponto de partida é pensar do que o amor é constituído. Nossos filhos são como nós, cheios afetos e sentimentos ambivalentes. O amor em si é ambivalente. Somos capazes de amar e odiar a mesma pessoa. Se pensarmos nos momentos em que nós enquanto filhos, nos desentendemos com os nossos pais, nos sentindo frustados e com muita raiva deles, vamos entender melhor, e nos identificar com essa dinâmica que no fundo nos é familiar. Só que agora estamos em outro lugar, no de pais, e com isso a cobrança, a culpa, o medo, a paciência, atuam de outra forma.

Ficamos frustradas quando as coisas não saem como planejamos, quando estamos sem paciência. Então como lidar com todos esses sentimentos quando estamos na posição de educadores? E quando não conseguimos dar todas as respostas? E quando não temos a resposta porque não temos condições ou não sabemos como e o que responder?

Quando conseguimos admitir que não temos todas as respostas, que somos contraditórios e que falhamos, nos mostramos mais verdadeiros, factíveis e humanos. Podemos em um momento impaciente e nervoso falar para nossos filhos: “Continuo te amando, mas agora estou irritada com você, estou nervosa, mas continuo te amando”. Assim quando a criança se sentir com raiva e irritada com seus pais, ou sem saber a resposta, vai perceber que com isso não está sendo destruidor, mau ou incapaz. Ela vai poder entender melhor essa ambivalência e limitações identificando-se com seus pais.

Afinal, amar é isso, esse turbilhão de sentimentos, não ter nada a ver com um mundo cor de rosa e sorrisos falsos que tentam ser completamente “bons” e perfeitos quando não está. Amar é ser natural e assumir nossas contradições e também nossos limites.

 

imagem: CarbonNYC

 

 

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1 Comment

  1. Lu
    6 de Março de 2013 at 17:57 — Responder

    Palmas!!!!!!

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