Minha vida é mais cronometrada e corrida do que prova de 100 metros rasos (em alguns dias, 3000 metros com barreiras). Para dar conta de tudo, levanto meia hora antes da Victoria para poder organizar os pensamentos – porque depois que acordo a pequena, com beijos e cosquinhas, sei que vou ter que dedicar toda minha atenção a responder perguntas como:
– Mamãe eu quero ir de chinelo da Bela Adormecida na escola, posso?
– Mamãe, hoje é dia “da novidade”?
– Mamãe, quem vai me buscar hoje?
– Mamãe, hoje tem natação?
– Mamãe, eu não quero tututi (iogurte), eu quero pãozinho, tá?
E no centésimo “Mamãe”, durante os 90 minutos entre Victoria abrir os olhos e fazer uma revolução na casa antes de sairmos, eu já estou esbaforida, super atrasada e sem o filtro solar que eu jurei para a minha dermatologista que usaria todos os dias. Então eu entro no carro, coloco baby Vicky na cadeirinha e começo a dirigir, cantando músicas, fazendo brincadeiras, enquanto listo mentalmente tudo o que preciso fazer. Já cogitei até musicar minha lista de afazeres do dia, algo como: “Deixar o edredom na lavanderia/Logo depois de comprar pão na padaria/E remarcar minha reunião com a designer Maria”.
Porque a verdade é que o dia só tem 24 horas, mesmo para nós, robôs multitarefa. E vamos ser realistas? Não dá tempo de ser mãe e ser mais esse montão de outras pessoas – profissional dedicada, esposa disposta e amiga fofa.
Mas ninguém aguenta mais reclamar de falta de tempo. Porque as pessoas, mães ou não, estão ficando repetitivas nessa ladainha. Precisamos é arranjar um jeito de se adaptar a essa nova realidade e aproveitar o percurso. Porque tem que aproveitar. Você está vivendo um momento mágico, criando um filho e não pode deixar justamente essa parte da sua vida ficar espremida. Ainda assim, me pego pensando frequentemente: o que eu fazia com todo aquele tempo livre que eu tinha antes da maternidade?
Se você, como eu, for uma pessoa de múltiplos interesses, envolvida em inúmeros projetos e com voracidade para viver, deve tentar colocar alguns limites na sua vida e diminuir o tamanho da lista de tarefas e cobranças. Acordou atrasada, tudo bem deixar a cama desfeita. Esqueceu de comprar o presente de aniversário da amiguinha da sua filha porque trabalhou demais, mande depois, a mãe vai entender.
O importante é ser uma mãe e pessoa possível. A vida raramente é perfeita e estamos fazendo o nosso melhor. Divirta-se enquanto trilha esse caminho. E se, em alguns momentos você estiver se sentindo uma malabarista, sempre jogando umas três bolinhas pra cima, enquanto cata as outras que caíram no chão, faça com leveza e um sorriso no rosto. O dia tende a melhorar.
Imagem: Dreamstime
4 Comentários
Meu dia tb é assim corrido começo a dar aulas de 7 as 10 da manhã. Paro, faço almoço e retorno de 13 as 17 horas. Paro novamente, faço a janta pro marido e filhos que estão saindo e chegando. Preparo as minhas aulas pro dia seguinte e, a rotina começa tudo de novo. Se no fim de semana, não me policiar não paro pra dar atenção a família, não saio de casa e nem cuido de mim.
Abraço,
Toninha
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Ah tempo!! Coisa tão rara hoje em dia… também me faço a mesma pergunta de o que eu fazia quando não era mãe… rsrsrsrs. Mas, confesso, meio acanhada que eu ainda estou tentando equilibrar esse mundo de coisas pra fazer, num espaço de tempo tão curto de 24 horas… Somos só eu e a Carolina de 3 anos. Ao mesmo tempo que não tenho o marido pra cuidar, também não tenho com quem dividir algumas coisa…
Fatérrimo, Camila! a vida de todas as mamães q conheço se enquadra nesse dilema: vida x tempo. Já tentei vários métodos, teorias q nos inspira a lidar com mais leveza diante de ritmo frenético q vivemos, mas a melhor e mais deliciosa que aprendi- e continuo aprendendo-, sem dúvida, é que não precisamos tirar o relógio do pulso,apenas acoplar sorrisos aos números para tentarmos lidar melhor com tudo isso, ainda q muitas vezes tenhamos vontade de jogar tudo p o alto, inclusive o relógio! 😉
Erica, que lindo comentário. Estava HOJE falando com meu analista que chega um momento que a gente tem que aceitar que a vida é assim mesmo – por escolha nossa, inclusive, e que não dá pra ficar mal-humorada com essas decisões. Tem que equilibrar mesmo. É exercício diário e pra sempre 🙂 Beijoca