Um avô no Mundo Ovo

Ao contrário da anciã discussão sobre quem nasceu primeiro – o ovo ou a galinha – não há quaisquer dúvidas que não há mães sem avós.

Temos a premissa maior: não há mães sem avós.

Como Mundo Ovo é uma revista que traz um novo olhar para a aventura de ser mãe, temos a premissa menor: não haveria Mundo Ovo sem mães.

E o nosso silogismo se completa com a conclusão: não haveria Mundo Ovo sem avós!

Veja o inspiradíssimo trio criador do Mundo Ovo a importância, estabelecida sem quaisquer sofismas, da classe avoenga para a Revista. Ela não pode ser esquecida, relegada a um plano inferior.

Como disse o Lauro Müller (1863-1926) – engenheiro, escritor, rua em Botafogo e estação da Central do Brasil: Avô é pai sem exigências e avó, mãe com açúcar.

Feita a apologia da categoria, posso declarar para editores e leitores que ser avô é um barato total!

Há categorias inumeráveis de avós, cada uma com suas características próprias, idiossincrasias, excentricidades, manias, jeitos e trejeitos na maneira de exercer o seu parentesco consanguíneo de 2º grau, na linha reta ascendente – você sabia?

Vou me fixar no tipo mais encontradiço na quase totalidade da classe: o avô babão, que conta todas as gracinhas, traduz os gugu-dadás, e comemora qualquer manifestação do netinho, desde o pipi que quase bateu no seu nariz até o punzinho polifônico harmonioso, como se fosse uma conquista olímpica.

Todos, com exceção de 0,0000001%, somos babões. E não depende da idade dos netos. Eu me ofereço como exemplo.

Tenho uma neta e um neto, separados por alguns anos de existência. Carolina, 31 anos, filha da Marize, e Tomaz, 6 anos, filho da Mariana.

Carolina morou conosco com 2/3 anos. Meiguinha, faladeira, sempre chamando Mariana, que tinha mais 4 anos, de tia. Era tia Nana, pra cá, tia Nana pra lá, para horror da Mariana, que passou a ser chamada de Tia Nana por seus colegas.

Quando mocinha, já com namoradinhos, brincava com ela:”Carol, o vô tá querendo virar bisavô. Dá um jeito, faz uma produção independente que o vô garante”. E vinha a resposta melíflua: “Que é que é isso, vô!”

Hoje, casada, trabalha em Londres e eu, na expectativa de ser promovido a bisa, continuo a fazer a cobrança no Face Time.

Tomaz é outro papo. Começa que é menino – diferença enoooorme – irrequieto, curioso, boca nos cotovelos, inteligente – pega o babador!

Por causa dele, voltei a colecionar figurinhas. Tremo de prazer, quando telefona perguntando se já comi linguiça de javali e acaba me convidando para ir ao Braz, comer uma pizza da dita cuja.Tem coisa melhor?

Caiu e quebrou a cabeça. Ligou pra mim, declarando:” Vô, o futuro não é mole não!”

Não é um gênio?

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7 Comentários

  1. Nora Loyola
    27 de julho de 2012 at 11:48 — Responder

    Amei o avô no mundo ovo ,Mario vc é o máximo escreve e descreve tudo com uma leveza que encanta o todos que leram
    Bjs e parabens para nós todos

    • Mario Gonçalves
      30 de julho de 2012 at 15:46 — Responder

      Nora, amiga e coleguinha,
      e não é verdade?
      Bicotas

  2. Idê
    29 de julho de 2012 at 8:06 — Responder

    Muito bom, meu amigo! Parabéns!
    Da vontade de entrar para este time de “pais sem exigências, e com muito açucar”.
    Bj gde a todos vcs

    • Mario Gonçalves
      30 de julho de 2012 at 15:54 — Responder

      Amigão,
      Se estou assim como avô, imagina a anarquia e a diabetes que virão como bisa.
      Beijão.

  3. Teresa Garbayo dos Santos
    6 de Abril de 2013 at 17:03 — Responder

    Mario, seu texto-depoimento-babão é delicioso. Você mostra, demonstra e comprova, através das suas palavras e sentimentos, o paraíso a que chegamos, em vida, ao convivermos com nossos netos. Mais do que as palavras, isso fica claro no humor que transborda em cada frase. Posso imaginar você sorrindo ao escrever, relembrando fatos vividos com os dois. Você vai ser bisavô. Você e eles merecem.

  4. Mario Gonçalves
    8 de Abril de 2013 at 17:37 — Responder

    Teresa, grato pela carinhosa apreciação. Nosso maior proveito é a reaprendizagem contínua do básico e essencial em nossa vida, no convívio paradisíaco – como você diz – com eles.

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