Uma boa dose de intimidade entre pais e filhos

Percebo que, hoje em dia falta uma boa dose de intimidade nas relações. Isso não é algo que se possa comprar na farmácia, nas lojas ou numa viagem à Índia. A intimidade nas relações parte da que temos com nós mesmos. Saber o que somos, o que gostamos, o que queremos e como lidamos com o mundo é fundamental para estabelecimento de uma relação íntima com aqueles que amamos.

Falo de uma intimidade que não é ficar pelado na frente dos filhos, tomar banho junto ou ir ao banheiro de porta aberta, e sim daquela ponte sólida que construímos com o outro e que facilita o intercâmbio. É aquela ligação que as mães têm com seus bebês nos primeiros meses de vida e que possibilita um entendimento do que eles estão passando, quando acolhê-los, quando lhes dar limites, ou quando alimentá-los. Essa ligação muitas vezes se perde com o corre-corre do dia a dia ou com os desafios de cada idade.

Quanto mais nos conhecemos, mais conseguimos ver o outro como ele é, sem que ele vire nosso espelho. É tão fácil enxergar os filhos como uma imagem de nossas dificuldades ou de nossos desejos frustrados. Difícil é percebê-los como seres diferentes de nós, com características, desejos e percursos próprios.

Não é preciso passar o dia inteiro junto para manter a intimidade. Ser mãe full time também não é receita de sucesso já que estar atenta às necessidades físicas (banho, alimentação, sono, etc.) não significa estar atenta às necessidades emocionais. É comum ficar tão assoberbada de tarefas que não sobra espaço para de fato enxergar o outro.

Se seu filho não quer ir à escola, qual é o motivo? Dificuldades acadêmicas, conflitos com os amigos, problemas em se separar de você, cansaço por sobrecarga? Uma boa dose de intimidade certamente encurta o caminho para a resposta certa.

Participar da rotina, das amizades, do lazer, das alegrias, das frustrações, dos medos e desejos, são os tijolos para a construção de relações íntimas, sólidas e certamente gratificantes.

 

Imagem: Glyn Lowe

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6 Comentários

  1. Patricia
    15 de agosto de 2012 at 12:33 — Responder

    Roberta,
    Sua clareza em falar de uma situação que é realidade em 11 de 10 famílias, vai poupar muitas sessões de análise e choros desnecessário. Quem me dera ter te lido antes.

    Obrigada por nos mostrar que tudo é possível quando nos tornamos mais confiantes e certos das escolhas que fazemos.

    • Roberta
      17 de agosto de 2012 at 13:38 — Responder

      Patrícia, é muito bom saber o quanto é possível ajudar as pessoas mesmo fora do consultório. Muito obrigada pelo feedback! Espero poder continuar ajudando nas próximas colunas.

  2. 16 de agosto de 2012 at 12:10 — Responder

    Parabéns por mais uma vitória… Este convite veio coroar anos de dedicação a família e a profissão… Como Mãe tenho a certeza de que a semente que desabrocha bonita e saudável, assim como o vinho, é fruto do solo, o que se aprende com a vida e com aqueles que nos rodeiam, mas a capacidade de praticar é conseqüência de anos de estudo mas, excencialmente, persistência e bom senso na prática…..

  3. 17 de agosto de 2012 at 11:49 — Responder

    Muito interessante a sua abordagem, Roberta! Num mundo onde apenas o sucesso e conquistas passam a ter valor, a perda, a frustração, o medo de seguir em frente ficam “escondidos”… A proximidade dos filhos vem quando admitimos e vivenciamos TODAS as experiências com eles. Sejam elas boas ou não! Como você bem ecreveu: “Quanto mais nos conhecemos, mais conseguimos ver como ele é…”. É isso! Parabéns pelo artigo.

  4. Camila
    Yvonne Kossmann de Menezes
    17 de agosto de 2012 at 16:42 — Responder

    Roberta
    Seu texto consegue ser simples e profundo, você abre espaço para se repensar a intimidade das relações humanas, relembrando que essa intimidade só se torna possivel apartir do encontro com nós mesmos. Suas ideias indicam que a sabedoria esta na delicada e dificil tarefa de convergir a eficiência com o sensível. Bjo, Yvonne Kossmann de Menezes

  5. Suzete
    18 de agosto de 2012 at 22:45 — Responder

    Realmente,canso de falar em miñas palestras de qualidade de vida..no escutar-se primeiro p depois..ser melhor ouvinte..e Falo dessa intimidade em relação ao casal..Adorei!!!e na Mediação familiar…a gente ouve isso..essa falta de liberdade..e não seconocer..e já fazer só oq o filho quer..sem identidade própria os pais…

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