Assuntos delicados II – Sexualidade

No artigo passado, abordamos assuntos delicados que, inevitavelmente, têm de ser conversados entre pais e filhos. Iniciamos pela perda e agora chegamos à sexualidade. Em todas as famílias, há um momento em que o assunto precisa ser abordado. Embora hoje, esse tema não seja mais tão visto como tabu quanto era antigamente, está longe de ser corriqueiro. Que mãe não treme quando o filho lhe pergunta como nascem os bebês ou quando o pega, frequentemente, com a mão nos genitais?

Crenças religiosas à parte, sentir prazer com o próprio corpo não é errado e todo mundo faz. Sentir prazer ao receber um cafuné ou um carinho no rosto, para as crianças, é a mesma coisa que senti-lo tocando nas partes íntimas. Observando bebês, é possível notar que aos poucos eles vão descobrindo partes do corpo: pés, mãos, bem como todos os orifícios (boca, nariz etc) e os genitais . A descoberta do prazer que o corpo pode oferecer faz parte do processo da sexualidade, que começa na infância e termina na fase adulta. Na primeira, os genitais são apenas mais uma parte do corpo capaz de proporcionar prazer, e não a principal fonte, como é para os adultos. Um fator complicador na relação entre grandes e pequenos é quando os adultos entendem que a intenção de ambos é a mesma.

Cabe aos pais ensinar que, em se tratando do prazer obtido ao tocar nos genitais, existe hora e lugar para ser feito. Esse prazer é particular; não pode ser feito em frente de todos, nem pode ser proporcionado por outra pessoa. Ao dizer isso, os pais já estarão também entrando num tema importantíssimo, no mundo atual, sobre os cuidados necessários no contato com adultos desconhecidos ou, em alguns casos, conhecidos. É possível, pois, alertar os filhos, ensinando-lhes e explicando (e não alarmando), que os únicos que podem tocá-los são os que foram designados a cuidar da higiene.

Se a masturbação torna-se compulsiva, pode ser sinal de ansiedade, ou da criança ter sido exposta à estimulação exagerada. Com isso, não falamos apenas de abuso sexual, pois existem outras maneiras mais corriqueiras desse excesso ocorrer: a criança ver ou ouvir o ato sexual entre os pais, ter acesso a filmes pornôs na televisão ou no computador, etc.

Os questionamentos sobre como nascem os bebês podem demorar anos até que o quebra-cabeças seja todo montado. A primeira dica importante em qualquer situação é ficar muito atento à linguagem que tem de ser adaptada a cada idade e o mais simplificada possível. A segunda dica é ater-se a responder à pergunta que for feita. Vá passo a passo com respostas objetivas. Por exemplo: se seu filho perguntar como os bebês saem da barriga, não lhe explique como eles entram, pois, ele pode não estar preparado para saber, e vice-versa. A explicação da cegonha não cola mais para as crianças com acesso à Internet. Mas não esqueça: é melhor que as crianças conheçam a sexualidade humana por meio de de pais amorosos e cuidadosos, que respeitam o conteúdo apropriado a cada idade, do que por de imagens que podem assustá-las.

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