Aprendendo a falar (palavrão)

Por muitos anos consegui convencer meu filho que não existia palavra mais feia do que burro. Depois, ele aprendeu a palavra idiota e ela virou a pior de todas. Um dia ele chegou em casa contando que um amiguinho levou uma bronca no colégio porque tinha falado baralho e baralho era uma palavra feia. Respondi que baralho era um conjunto de cartas e ficou por isso mesmo.

Passados alguns meses, ele contou que havia aprendido dois palavrões: “nerda” e “puta barril”. Quando ia assistir jogo com o pai e o tio, flamenguistas fanáticos e exaltados, soltava um nerda aqui outro puta barril ali para se enturmar. Achei que era meu dever de mãe explicar os palavrões corretos. Pior do que falar palavrão é falar palavrão errado. Sim, eu ensinei palavrão para o meu filho.

É impossível evitar que seu filho nunca tenha contato com palavrão. Sempre vai ter uma tia avó desbocada, um primo adolescente, uma topada, ou um jogo de futebol por perto para mandar a finesse para escanteio. Então, por mais que você diga que é horrível, que nunca deve ser falado, vem sempre a famosa frase: “Mas o fulano fala”, e a resposta igualmente clichê, “mas você não é fulano”. Mas quando o fulano é alguém da sua família, como seu avô, fica difícil argumentar.

Confesso que acho engraçado uma criança descobrindo palavrões. Acho que nunca mais na vida vai existir uma transgressão tão deliciosa e ingênua como essa. Não falo de xingamento, que eu acho horrível e desrespeitoso, mas de descobrir que existem palavras proibidas. Lembro do meu dicionário do primário com palavrões sublinhados. “Como assim existem palavrões no dicionário?”, eu me perguntava. E lembro também das portas pichadas dos banheiros com palavrões sempre escritos de forma errada (mesmo com os palavrões no dicionário).

Acho engraçado palavrão, mas proíbo. Ele não pode falar. A única exceção é quando ele vai assistir jogos com o tio e o pai.  Aí eu deixo, até porque não tem como evitar. E ele não abusa, só usa naquele momento. Acredito que o mais importante é ensinar que cada ocasião exige um tipo de linguagem e que o respeito deve ser usado em todos os momentos.

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3 Comentários

  1. 18 de outubro de 2012 at 10:03 — Responder

    Não sou muito de falar palavrão, mas algumas vezes saiu um “porra”. Outro dia pra minha surpresa, meu Ben de um ano e 4m repetiu a palavra, não saiu exatamente igual, mas entendi que era. Fiquei assustada comigo. Imagina, porra fazer parte de um vocabulário de bb que ainda não tem nem 10 palavras na lista?! Rsrs Ele já vai para o berçário, imagina os outros bbs aprendendo. Ainda é muito cedo ensinar isso pra ele. Rs

  2. 19 de outubro de 2012 at 14:40 — Responder

    A família inteira do meu marido é boca suja. Vai ser um trabalho intenso essa educação, mas eu topo o desafio!.
    Abraços,
    Aline

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